Ontem (14/05) as 02 horas da manhã encerrou a mobilização dos
pescadores da região de influencia de Belo Monte.
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KM 27 |
Cerca de 2500 pescadores dos municípios de Vitória do Xingu,
Altamira, Belo Monte, Porto de Moz e Souzel ocuparam três trechos da rodovia transamazônica (KM 18, KM 27 e KM
55), eles chegaram na noite do dia 12 com mantimentos, lonas e com a puta
embaixo do braço, mas na ocasião foram recebidos pela Força Nacional com tiros
de balas de borrachas e bombas de gás lacrimogênio, o resultado é que os
manifestantes (trabalhadores da pesca) queimaram um ônibus no KM 27 e revidou a
ação da polícia com pedras e paus, o cenário segundos os pescadores, foi de
guerra e a Força Nacional Recuou para dentro do canteiro de obras e pediu o
auxílio da Tropa de Choque da Polícia Militar, estes vieram em uma vã e
minimizaram o cenário, o saldo foi de 10 pescadores feridos, inclusive teve um
que a bomba explodiu em sua virilha e teve que ser socorrido as pressas, alguns
policiais também ficaram feridos. Depois desse cenário que durou por duas
horas, o clima continuou de “guerra fria”, qualquer ação que pudesse partir de
ambas as partes eram analisadas, toda a madrugada foi assim.
Na terça feira durante todo o dia a rodovia continuou ocupada, então
os trabalhadores da barragem não conseguiram trabalhar por conta do bloqueio,
isso para felicidade dos pescadores e dos próprios barrageiros que sempre
comemoram quando a rodovia é ocupada (talvez pelas condições de trabalho que
varia muito para cada cargo na CCBM), os pescadores resistiram pois já haviam
levado alimentos, garrafões de água e lonas, segundo o Jácomo, presidente da
cooperativa de pescadores de Vitória do Xingu “Nós podemos ficar de cinco a dez
dias aqui, se já passamos fome dentro do rio, conseguimos passar aqui no seco
também”.
No KM 18 estava os pescadores da Colônia de Altamira, no KM
27 estavam de Vitória, Souzel e Porto de Moz e no KM 55 estavam os pescadores
da Colônia de Belo Monte do Pontal, inclusive foi neste último destacamento
onde houve o pior cenário, pois houve conflitos entre pescadores e Força de Segurança, o saldo foi de três ônibus queimados! Essa região de
Belo Monte do Pontal é Diretamente Afetada pela Hidrelétrica, portanto, já
deveria ter todas as condicionantes cumpridas, entretanto, assim como todos o
Municípios afetados, o andamento do Plano Básico Ambiental (PBA) está longe de
ser cumprido, inclusive muitas demandas não foram colocadas no tal do PBA, como
é o caso dos próprios Oleiros, Areeiros e Carroceiros em Altamira. A ocupação
da rodovia terminou hoje as 2 horas da madrugada, pois a Norte Energia deu um “Interdito
Proibitório” para que as cooperativas retirassem os pescadores. No documento
segundo o presidente da colônia de pescadores de Altamira, Lúcio, “a empresa
ameaçou usar de mais força policial para dispersar os pescadores, então foi preciso
recuar para que não ocorresse algo mais pior do que na noite anterior”. Essa
prática do tal Interdito Proibitório é a nova “mania” da empresa para dispersar
as mobilizações ou futuras, exemplo foi feito com o Movimento dos Atingidos Por
Barragens e recentemente contra o Sindicato dos Moto-taxi (Sindmoto), esse
Interdito se transformou em instrumento de coação as organizações democráticas!
Com a chegada de Belo Monte as mais antigas e necessárias
atividades produtivas do Município de Altamira foram afetadas, vários
trabalhadores deixaram de ser oleiros, extrair areia, ser carroceiro, ser
agricultor no Assuriní e ser pescador, vários deles relatam que só aprenderam a
fazer isso a vida toda, e que a hidrelétrica de Belo Monte comprometeram a
subsistência e a renda de suas famílias. Com isso a principal pauta dessas
categorias são indenização pelas percas produtivas e condições para continuarem
em suas profissões. Nada mais Justo.
Segundo o próprio Jácomo essa já é a quinta mobilização dos
pescadores, sendo que na ultima conseguiram ir para Brasília conversar com o
Ministro da Pesca e Norte Energia, mas o assunto sobre a possível indenização pelas percas
produtivas não foi mencionado pelos responsáveis pela Hidrelétrica. A questão é que em Altamira e Região as
Mobilizações só têm intensificado, e cada vez mais de forma organizada, pois
quando as instalações ou via de acesso a obra são ocupados os trabalhadores e
trabalhadores (atingidos pela barragem) já levam sua comida, água e lona, ou
seja, já vão preparados para as intempéries, mas dessa vez não contavam com a
truculência que a Força Nacional e a Polícia Militar usaram, Corporações essas
que deveriam está a serviço desses trabalhador@s e não do capital privado da
Andrade Gutierrez, Camargo Correa, Odebrecht e Vale.
O certo é que com as contradições de Belo Monte, Altamira e
região se transformou em cenário de conflitos, seja por causa do aumento da violência
(homicídios) na área urbana, acidentes, aumento de buracos, atividades
produtivas tradicionais quase paralisadas, seja com as mais de 5000 famílias que
terão de ser realocadas em casa que já estão dando defeito, seja de centenas de
famílias que não terão onde morar, pois a Norte Energia desconsiderou essas
famílias nos estudos socioeconômicos. Tudo isso pode justificar o fato das
mobilizações se tornarem mais violentas, pois a Norte Energia está violentando
todos os dias os direitos da população de Altamira e Região.