quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Mais uma decisão de gabinete contra a Volta Grande do Xingu.

Fonte: Plano de Gerenciamento Integrado da Volta Grande do Xingu (Fevereiro de 2014).

Em sentença publicada no dia 23 de janeiro, o Juiz Federal Arthur Pinheiro Chaves, da 9ª Vara Federal, validou os estudos feitos pela Norte Energia (dona do AHE Belo Monte) para assegurar a navegabilidade do rio Bacajá e rejeitou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para suspender as licenças ambientais concedidas pelo Ibama à Usina Hidrelétrica Belo Monte. Em relação às medidas da Empresa para proteger comunidades da Terra Indígena Trincheira-Bacajá, a Justiça ponderou que é atribuição da Fundação Nacional do Índio (Funai) comunicar ao Ibama eventuais descumprimentos e inconformidades em relação ao que foi estabelecido nas análises prévias sobre o rio. “Não consta dos autos qualquer manifestação da Funai no sentido de existência de qualquer desconformidade nos estudos desenvolvidos pela empresa”.
Essa notícia chega a dar vertigens, ora bolas, mas é claro que o IBAMA e FUNAI não se pronunciarão contra o empreendimento mais caro do PAC II, pois os diretores e coordenadores não porão seus cargos a disposição, e enquanto as empresas da Operação “Lava a Jato” continuam ganhando rios de dinheiro Construindo Belo Monte, o povo vai perdendo seus direitos de forma mais humilhante, vão perdendo suas casas, sobretudo, sua identidade cultural!
Com o início da Operação da AHE Belo Monte, em novembro de 2015, a Volta Grande do Xingu ficará com o chamado Trecho de Vazão Reduzido (TVR) e isso irá Alterar a Velocidade das Aguas nos Canais Fluviais, Alterar a Profundidade da Lâmina Fluvial e isso alterará a navegação das comunidades tradicionais adjacentes do rio Bacajá e restante dos 100km de extensão do TVR.
Os projetos da Norte Energia quanto a Mitigação e Compensação por conta dos Danos causados por Belo Monte a região da Volta Grande, se resumem em Projetos de Monitoramentos que servirão para serem avaliados durante seis anos após o início da operação da última turbina (provavelmente a partir de 2019) para que se tenha uma ideia se o Hidrograma ecológico (com vazões na estiagem de 700m³/s e inverno com 4000m³/s)  deverá ser mudado ou não. Ou seja, fica nítido que, inicialmente, os Danos socioambientais causados na fase de Operação (35 anos concessão da Norte Energia) não foram computados, muito menos discutidos com as populações, pois esperar seis anos para que se tenham uma avaliação da futura situação das famílias da Volta Grande é desrespeitá-las e ao mesmo tempo pressioná-las a sair por conta própria (ficaria mais barato para a Norte Energia) e isso já está causando muitas dúvidas, preocupações, revoltas, medo, indecisão. O que se vê por parte da empresa é muito “achismo”, ela não se posiciona concretamente para discutir, muito menos para solucionar os danos causados durante os 35 anos de concessão de Belo Monte.
Enquanto isso há uma pressão do mercado financeiro (dono de Belo Monte), inclusive esse setor abutre está por trás da falácia da tal crise energética, que foi estrategicamente pensado para pressionar a construção e operação de mais hidrelétricas na Amazônia, região estratégica para o processo de Acumulação por Espoliação.
Nesse sentido, o ano de 2015, já começou com várias manifestações na região, inclusive com indígenas trancando por três dias a Rodovia Transamazônica, trabalhadores rurais ocupando terra da União, famílias não cadastradas marchando ao escritório da Norte Energia e várias outras. A obra está atrasada em um ano e a Norte Energia terá que se desdobrar para comprar energia para cumprir os contratos firmados e já tem passivo de mais de R$300 milhões por causa desse atraso, então, não vai ser agora que essa empresa irá garantir o direito do Povo, se ela não fez isso quando tinha muito dinheiro para “distribuir” não vai ser agora com toda a pressão dos acionistas e credores que ela vai garantir o direito dos Atingidos Por Barragens. Quanto a isso, para garantir a efetivação dos Direitos Fundamentais deverá ser travado uma CABANAGEM por dia em BELO MONTE. 

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