Essa semana começou os trabalhos da Defensoria Pública da
União (DPU), a vinda desse órgão foi um encaminhamento tirado na Audiência
Pública no mês de novembro de 2014 sobre a realocação das famílias que estão
entre as cotas 97m e 100m (baixões) e serão diretamente atingidas pelas cheias
permanentes do rio Xingu por causa da Operação do Aproveitamento Hidrelétrico
(AHE) Belo Monte.
Audiência Pública realizada no dia 12 de novembro de 2014. |
A obra civil de Belo Monte completou três anos e sete meses
e está com 70% das obras civis concluída. No início o planejamento era para que
a primeira turbina operasse já no próximo mês, no entanto, a obra já está atrasada
em um ano, segundo a Norte Energia (dona da barragem) esse atraso se deveu a
dificuldade de adquirir áreas para os reassentamentos, problema na relação
institucional com os órgãos de licenciamento e por causa de Manifestações dos
Atingidos pela Barragem. O cronograma atual estabelece que o paredão ficará
pronto no mês de novembro para operar a primeira turbina em Março de 2016
(aproveitando o próximo inverno).
Nessa reta final da construção de Belo Monte, as famílias do
município de Altamira (principais afetados) continuam sendo desassistidas pela
Norte Energia (NESSA), que chegou a região para ser a “mãe Joana” e na
realidade, desde o início se comporta como a “Madrasta má”, nesse sentido
muitas pessoas estão temerosas quanto ao seu futuro, pois em 2011 foram feitos
cadastros das famílias que viviam em áreas de risco (totalizando mais de 7 mil
imóveis) e foram ofertadas a proposta de reassentamento, carta de crédito ou indenização,
a maioria consentiu em ser reassentadas (4100 famílias), mas durante as
negociações a empresa DIAGONAL (terceirizada da NESA) pressiona as famílias a
consentirem com as condições da empresa e já há uma demora nas mudanças aos
Reassentamentos Urbano Coletivos (RUCs) e na entrega da indenização, que por
sinal não dá para comprar nenhum terreno, quanto mais construir uma casa na
superinflacionada Altamira.
Com isso a tarefa fundamental da DPU é tentar conciliar
esses casos entre a famílias e a Norte Energia, para que se faça cumprir o
apelo da construção dessa obra na região, que era melhorar a qualidade de vida
do Povo altamirense. Tão morosa quanto a execução de políticas públicas, são as
decisões judiciais, ainda mais quando é a classe trabalhadora que necessita de
uma resposta. Não sei até que ponto no fim do segundo tempo a DPU conseguirá
pressionar a NESA a realocar as famílias com dignidade, não sei por que esse
órgão importante demorou tanto tempo para chegar a região, mas uma coisa é
certeza, no Brasil os direitos nunca foram dados e sim Conquistados através de
muita Luta, de ocupação e resistência. Se tratando de Belo Monte sempre haverá
tempo de prorrogação, e por causa disso muitas famílias já estão conscientes
que agora não há tempo para terem medo.
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