De domingo (31/01) para segunda-feira (01/02) houve
uma chuvarada em Altamira e região, fato esse que possibilitou o alagamento em
várias vias da cidade gerando vários transtornos aos altamirenses.
Rua Beliza de Castro, Bairro Independente II (Foto: Aline Miranda). |
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
foram 68,8 mm registados de chuva, o que significa que no espaço de 1m² choveu
68,8 litros de água. Essa quantidade de água foi o suficiente para prejudicar
centenas de pessoas que trafegavam pela Avenida Perimetral, bairro Independente
II, rua Dragão do Mar e várias avenidas.
Nos últimos anos, várias ruas e avenidas do centro
da cidade passaram a acumular grande quantidade de água após chuvas
torrenciais, uma das explicações para isso foi o a ampliação da área urbana com
o aumento de construções de loteamentos e reassentamentos, por causa da demanda
e por fins especulativos no município após a construção de Belo Monte.
Como condicionante da construção de Belo Monte, o
IBAMA obrigou a Norte Energia, dona das barragens no rio Xingu, a implementar
os serviços de Abastecimento de Água Potável, Manejo dos Resíduos Sólidos e
Coleta e Tratamento de Esgoto Doméstico, no entanto, a empresa não foi
responsabilizada em implementar o serviço de Drenagem de Águas Pluviais, ou
seja, o saneamento básico ficou sem uma das “quatro membros”.
Com o serviço de Drenagem funcionando de forma
precária, centenas de famílias que ainda moram em áreas de baixio passaram a
sofrer cada vez mais com as chuvas e acumulação de lama, exemplo disso são as
comunidades Independente I e Independente II, está última conquistou
recentemente o direito de ser cadastrada pela Norte Energia, por morar abaixo
da famigerada cota 100m (100 metros acima do mar).
De acordo com a Norte Energia o lago de Belo Monte
atingirá permanentemente até a cota 97m e entre essa cota à cota 100m será a
margem de segurança, com isso, a água da chuva só acumulará e atingirá essa
cota de segurança se houver uma precipitação pluviométrica maior do que a
registrada nos últimos cem anos.
O site da Norte Energia disponibiliza diariamente o
nível da cota e a vazão do rio Xingu, hoje as águas do xingu ultrapassaram a cota 97m, por outro lado, a Volta Grande do Xingu sofre com a diminuição da água no rio, de acordo com o
monitoramento da Norte Energia houve a diminuição da vazão de 34%, aspecto este
que já vem causando uma série de impactos naquela região. O Movimentos dos
Atingidos por Barragens (MAB) vem acompanhando as denúncias das famílias
moradoras da vila da Ressaca, Ilha da Fazenda, vila do Galo e da terra indígena
dos Maia.
É importante ressaltar que Belo Monte impactou
diretamente a vida de todas as famílias da região do Xingu, sobretudo em
Altamira com o alagamento das principais vias (portanto, perca do direito a
cidade) e na Volta Grande do Xingu com a diminuição da vazão rio e perca de uma
parcela importante da biodiversidade.
Só com muita organização popular é que os atingidos
por Belo Monte conseguirão ganhar esse cabo de guerra e garantir políticas
coletivas/políticas públicas, pois mesmo com a liberação da Licença de Operação
ainda há muitas lutas pra fazer e muitos Direitos a serem conquistados. Belo
Monte não está consolidado, pois a Norte Energia ainda deverá aos atingidos nesses
próximos 30 anos.