terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Efeito BELO MONTE: Parte de Altamira se Afoga e Volta Grande Sufoca

De domingo (31/01) para segunda-feira (01/02) houve uma chuvarada em Altamira e região, fato esse que possibilitou o alagamento em várias vias da cidade gerando vários transtornos aos altamirenses.
Rua Beliza de Castro, Bairro Independente II (Foto: Aline Miranda).

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) foram 68,8 mm registados de chuva, o que significa que no espaço de 1m² choveu 68,8 litros de água. Essa quantidade de água foi o suficiente para prejudicar centenas de pessoas que trafegavam pela Avenida Perimetral, bairro Independente II, rua Dragão do Mar e várias avenidas.
Nos últimos anos, várias ruas e avenidas do centro da cidade passaram a acumular grande quantidade de água após chuvas torrenciais, uma das explicações para isso foi o a ampliação da área urbana com o aumento de construções de loteamentos e reassentamentos, por causa da demanda e por fins especulativos no município após a construção de Belo Monte.
Como condicionante da construção de Belo Monte, o IBAMA obrigou a Norte Energia, dona das barragens no rio Xingu, a implementar os serviços de Abastecimento de Água Potável, Manejo dos Resíduos Sólidos e Coleta e Tratamento de Esgoto Doméstico, no entanto, a empresa não foi responsabilizada em implementar o serviço de Drenagem de Águas Pluviais, ou seja, o saneamento básico ficou sem uma das “quatro membros”.
Com o serviço de Drenagem funcionando de forma precária, centenas de famílias que ainda moram em áreas de baixio passaram a sofrer cada vez mais com as chuvas e acumulação de lama, exemplo disso são as comunidades Independente I e Independente II, está última conquistou recentemente o direito de ser cadastrada pela Norte Energia, por morar abaixo da famigerada cota 100m (100 metros acima do mar).
De acordo com a Norte Energia o lago de Belo Monte atingirá permanentemente até a cota 97m e entre essa cota à cota 100m será a margem de segurança, com isso, a água da chuva só acumulará e atingirá essa cota de segurança se houver uma precipitação pluviométrica maior do que a registrada nos últimos cem anos. 
O site da Norte Energia disponibiliza diariamente o nível da cota e a vazão do rio Xingu, hoje as águas do xingu ultrapassaram a cota 97m, por outro lado, a Volta Grande do Xingu sofre com a diminuição da água no rio, de acordo com o monitoramento da Norte Energia houve a diminuição da vazão de 34%, aspecto este que já vem causando uma série de impactos naquela região. O Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB) vem acompanhando as denúncias das famílias moradoras da vila da Ressaca, Ilha da Fazenda, vila do Galo e da terra indígena dos Maia.
É importante ressaltar que Belo Monte impactou diretamente a vida de todas as famílias da região do Xingu, sobretudo em Altamira com o alagamento das principais vias (portanto, perca do direito a cidade) e na Volta Grande do Xingu com a diminuição da vazão rio e perca de uma parcela importante da biodiversidade.

Só com muita organização popular é que os atingidos por Belo Monte conseguirão ganhar esse cabo de guerra e garantir políticas coletivas/políticas públicas, pois mesmo com a liberação da Licença de Operação ainda há muitas lutas pra fazer e muitos Direitos a serem conquistados. Belo Monte não está consolidado, pois a Norte Energia ainda deverá aos atingidos nesses próximos 30 anos.