As palavras do Papa Francisco não
podiam ter sido mais categóricas: “Peço humildemente perdão, não só pelas
ofensas da própria Igreja, mas também pelos crimes contra os povos originários
durante a chamada conquista da América”. Durante um encontro com movimentos
populares de todo o mundo em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), Jorge Mario
Bergoglio pediu “terra, teto e trabalho” para todos: “São direitos sagrados. É
preciso lutar por eles. Que o clamor dos excluídos seja ouvido na América
Latina e em toda a Terra”.
“Esse sistema já não se sustenta”, disse
Bergoglio em um discurso de seis páginas que transitou por passagens já
conhecidas – a globalização da indiferença, a condenação do cultura do
descarte… – , mas explorou outros que chamaram à rebelião dos mais humildes:
“Necessitamos de uma mudança positiva, uma mudança que nos faça bem, uma
mudança redentora. Necessitamos de uma mudança real. Esse sistema já não se
sustenta. E os mais humildes, os explorados, podem fazer muito. O futuro da
humanidade está em suas mãos”.
Em uma passagem que pôs a emoção à flor da
pele, Bergoglio quis fazer dos mais humildes os protagonistas da salvação do
mundo: “O que posso fazer eu, catador, lixeiro, reciclador, frente a tantos
problemas se mal ganho o suficiente para comer? O que posso fazer eu artesão,
vendedor ambulante, caminhoneiro, trabalhador excluído se nem sequer tenho
direitos trabalhistas? O que posso fazer eu, camponesa, indígena, pescador que
mal posso resistir o avassalamento das grandes corporações? O que posso fazer eu
desde minha vila, meu barraco, meu povoado, meu assentamento quando sou
diariamente discriminado e marginalizado? O que pode fazer o estudante, o
jovem, o militante, o missionário que percorre as favelas e periferias com o
coração cheio de sonhos, mas quase nenhuma solução para meus problemas?”
Continuando, o Papa, entre aplausos, respondeu sua própria
pergunta: “Muito! Podem fazer muito. Vocês, os mais humildes, os explorados, os
pobres e excluídos, podem e fazem muito. Ouso dizer que o futuro da humanidade
está, em grande medida, em suas mãos, em sua capacidade de organizar-se e
promover alternativas criativas, na busca cotidiana dos três T (trabalho,
teto, terra). Não se intimidem!”
Para muita gente o papa Francisco está
ousando mexer onde poucos ousaram, a primeira medida que executou como papa,
Bergoglio reformou (moralmente) o banco do Vaticano, de lá pra cá em cada
discurso vem mostrando cada vez mais sua preocupação com o meio ambiente e o
ser humano, deixando claro que a exploração desses dois acontece por causa do
atual sistema econômico.
Sobre essa viajem do papa à América Latina
a grande Mídia pouco noticiou, a globo chegou a dar destaque ao presente que
presidente Boliviano (e bolivariano) Evo Morales deu ao papa, ele deu uma folha
de coca a Francisco. No entanto, não foi noticiado com tanto entusiasmo e
ênfase o discurso sobre a Terra, Teto e Trabalho. Isso deixa escancarado que o
lado dos grandes veículos de (des)informação é o ódio, este por sua vez
reproduzido pelos programas sensacionalistas para a classe trabalhadora. No
momento que o mundo passa atualmente com tantas guerras (ditas santa) com
tantas incertezas ambientais e econômicas, palavras de ESPERANÇA e ÂNIMO
proferidos pelo Jesuíta e Franciscano deveriam ecoar em todo canto desse planeta.
Com informações do site:
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/07/10/internacional/1436484652_422140.html