O estudo foi elaborado pelo
Ministério da Justiça em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e
lançado semana passada, com o ano-base 2012, aponta que entre os municípios com
mais de cem mil habitantes Altamira é o primeiro município paraense e o
terceiro do Brasil com o maior índice de Vulnerabilidade Juvenil a
Violência.
De acordo com o estudo a
faixa etária entre 12 a 29 anos é a mais vulnerável por causa das relações
econômicas, sobretudo, por causa da desigualdade ma distribuição de renda. Esse
fator é causado pelo aumento da circulação de capital no município ocasionado
pela Construção da Hidrelétrica de Belo Monte, fator este que fez aumentar a
fronteira entre os ricos e miseráveis, nesse sentido também houve elevado
acréscimo da circulação de pessoas (nos últimos 4 anos estimo que já circulou
mas de 70 mil pessoas que não moravam em Altamira), pressionando todo tipo de
mercado, inclusive o ilícito.
Segundo a Associação Ação e
Atitude, em 2008 o município possuía cerca de 60 pontos de venda de drogas, em
2014 passou a quantia estarrecedora de 600 pontos de venda de drogas. Isso
indica o quanto o Tráfico de drogas se fortaleceu nos últimos anos em Altamira,
mas ao mesmo tempo está recrutando crianças, adolescentes e jovens para esse
caminho que na maioria das vezes termina em centros de detenção ou no
cemitério.
O Anuário de Segurança
Pública (2014) aponta que quem mais sofre com essa vulnerabilidade tem Cor,
pois no Brasil entre os 12 a 21 anos de idade ocorrem 37,3 mortes, para municípios
a partir de 100 mil habitantes, na população branca e 89,6 mortes para a
população negra. No Pará os negros compõem a maioria da população carcerária
com 63,7%.
Conversando com algumas
pessoas sobre a criminalidade, e muitos delas apontam que o os responsáveis
devem ser punidos, e apelam pela criminalização do adolescente, juventude e o
conselho tutelar. No entanto, segundo o Anuário de Segurança, “apenas” 4% dos 47.094
homicídios no Brasil são cometidos por adolescentes, mas mesmo assim setores
fundamentalistas e da “Direitopata” tentam puxar a bandeira da diminuição da
idade penal como solução de todos os problemas, é como responsabilizar os
adolescentes pela histórica incompetência do Estado na elaboração e execução de
políticas públicas. Exemplo disso em Altamira são as escolas públicas, que não
oferece nenhum atrativo para o adolescente ter vontade de permanecer. A escola
Polivalente, o maior símbolo disso, é uma instituição que não sofria reformas
desde sua construção, a mais de 40 anos, e que agora está sendo reformada por
que é uma condicionante de Belo Monte, no entanto, com um ano de atraso, sendo
que nesse intervalo até o muro da escola desabou.
O medo no município é que a
própria polícia comece a reagir o aumento dos crimes com mais violência. A
Polícia Militar, que possui herança da Ditadura Militar, é o principal agente
de combate ao crime, e isso nos causa vertigem, pois em Belém entre os dias 04
e 05 de novembro do ano passado quando o cabo da PM Figueiredo fora assassinado
em frente de casa, em CPI fora revelado que o policial fazia parte de um grupo
de extermínio, sua morte foi por “acerto de contas”, e isso provocou a fúria de
outros policiais (do grupo de extermínio) que foram a seis bairros periféricos
da capital fazer uma “limpeza social” executando 10 jovens (seis deles nem tinham
passagem pela polícia, e mesmo que tivessem). Em Altamira, muitos moradores já
denunciam o tratamento violento da polícia, principalmente dos PMs que vem de
Belém passar uns dias aqui na cidade.
A Norte Energia (dona de Belo Monte) anunciou
que fez um repasse de mais de R$90 Milhões para a Secretaria de Segurança
Pública do Pará, e o governo do estado comprou um helicóptero (R$30 mihlhões) e
viaturas (se tiver comprado mais coisas não foi divulgado massivamente), mesmo
assim em reunião com os Movimentos Sociais o Superintendente da Polícia Civil,
em Altamira, deu a triste notícia que mesmo depois de gasto esse recurso a
violência tenderá a aumentar, porque esse ano de 2015 cerca de 10 mil
trabalhadores serão demitidos da obra e o município não foi preparado
adequadamente para absorver os potenciais trabalhadores que permanecerão pela
região.
Só os primeiros dias de 2015
vários casos bárbaros vem acontecendo no município, como o assassinato brutal
(dentro de um carro) de Márcia Santos (26 anos), o desaparecimento de um Jovem
por meio da Polícia Militar ( o caso já foi denunciado na corregedoria), um
adolescente depois de assaltar uma pessoa foi perseguida e sequestrada por ela
em um carro prata com a porta amassada, o nego França foi morto por causa de
acerto de contas com o tráfico de drogas.
Se nesse período, dito de pleno emprego, a violência ocupa as manchetes
dos noticiários, avaliem quando o rio Xingu for barrado em novembro e a
demissão massiva dos trabalhadores causarem inflação na demanda por políticas
sociais.
No meio de todo esse Belo
Monte de Vulnerabilidade, os adolescentes e Jovens vão sobrevivendo, pois viver
se tornou um luxo, luxúria das famílias que estão protegidas na vila dos
engenheiros da obra, ali é como se fosse um outro município, uma comunidade
alternativa, onde os danos socioambientais ficam longe represada num lago
permanente de insegurança aqui, que um dia se tornará a cidade velha.
A violência não deve se
tornar banal, não podemos achar normal a morte de adolescentes, jovens,
mulheres, negr@s, só porque são boqueiros, ladrões, viciados em drogas ou homossexuais.
O bandido bom, nunca será bandido morto, pois, um bandido bom, é um bandido que
tem oportunidades de se libertar das amarras que os predem (tráfico de drogas).
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