segunda-feira, 13 de junho de 2016

Em audiência pública altamirenses denunciam a falta de água.

A câmara municipal de Altamira realizou Audiência Pública para discutir o problema da falta de abastecimento de água no município.
Foto: Elisa Estronioli (MAB)

A galeria da Câmara já estava lotada quando a audiência iniciou, no primeiro momento a população de Altamira denunciaram a precariedade do Abastecimento de água no município.
Os moradores dos Reassentamentos Urbano Coletivos (RCUs) denunciaram que está faltando água no RUC Laranjeiras, Jatobá, São Joaquim. Casa Nova e Água Azul.
Moradora do RUC Jatobá, Josiane Araújo, falou que “a norte energia nos tirou do baixão prometendo que teríamos abastecimento de água tratada e coleta de esgoto, mas até agora nada!”.
O morador do RUC São Joaquim, Fagner, relatou que metade do bairro está sem água, e é a parte do bairro que mora as pessoas vindas do baixão, enquanto que a parte do RUC que abriga os engenheiros da empresa tem todos os serviços coletivos.
O engenheiro da Norte Energia, Marcelo, chegou a falar que parte da culpa pela falta de água nos RUCs era da população, pois estão consumindo quatro vezes que a média normal, ou seja, na conta da Norte Energia cada morador dos RUCs está consumindo 800l de água por dia.
Além da Norte Energia, a prefeitura municipal de Altamira foi bastante questionada, pois depois de um processo violento, o prefeito Domingos Juvenil conseguiu aprovar a criação da Coordenadoria de Saneamento de Altamira (COSALT), violento pois o Militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) chegou a ser conduzido coercitivamente pela Polícia Militar durante uma das sessões que tentou se votar a criação da COSALT e a municipalização do Município.
O militante do MAB, professor Fabiano, foi à tribuna e questionou os vereadores da situação (que aprovaram a COSALT) “volto aqui para avisar que aconteceu o que nós já prevíamos, durante o processo de votação da COSALT já alertávamos que a prefeitura não deveria pegar uma responsabilidade que era condicionante de Norte Energia, pois não daria conta, pois bem, a prefeitura não deu ouvidos aos movimentos sociais, e agora tem moradores do auto da Brasília que estão sem água a 70 dias”.
O morador do bairro Jardim Independente 1, Izan, denunciou que o bairro não recebeu o serviço de saneamento que é condicionante da Norte Energia e que as famílias do bairro estão vulneráveis aos mosquitos que transmitem a Dengue e o Zica Vírus. O Izan fala que mesmo o bairro tendo mais de 20 anos de existência a Norte Energia não inseriu o bairro no PBA de Belo Monte e que a prefeitura não se preocupou em cobrar da concessionária esses serviços, agora as mais de 400 famílias estão alagadas de forma permanente por causa do lago de Belo Monte.
Para Iury Paulino, do MAB, o que a prefeitura deveria fazer era criar uma autarquia municipal (empresa pública) para gerir os serviços de saneamento bem como criar uma agência para a fiscalização dos serviços, “caso continuar como está a prefeitura não dará conta de executar os serviços da forma correta” e denuncia “a prefeitura de Altamira não conversa com os movimentos populares, caso contrário saberia a melhor formar de gerenciar esse sistema de saneamento básico, nós esperamos que a prefeitura não tente justificar a ineficiência do serviço e tente privatizar os serviços de saneamento, pois irá ter muita luta contra a privatização”.
Para João Batista, da Fundação Viver Produzir e Preservar (FVPP), o serviço de saneamento básico deveria ser um legado importante de Belo Monte, no entanto, a Norte Energia e Prefeitura não deram a devida importância para a implementação desses serviços e agora os altamirenses estão sem água nas residências e sem coleta de esgoto.
Ao final da Audiência foi encaminhado a criação de um grupo de trabalhado para acompanhar a implementação dos serviços de saneamento. Os militantes dos Movimentos Sociais falaram que continuarão acompanhando de perto esse processo da implementação de saneamento nos bairros de altamira e que se não houver resolução dos problemas irão lutar.