A câmara municipal de Altamira realizou Audiência Pública para discutir o problema da falta de abastecimento de água no município.
Foto: Elisa Estronioli (MAB) |
A galeria da Câmara já estava lotada quando a audiência
iniciou, no primeiro momento a população de Altamira denunciaram a precariedade
do Abastecimento de água no município.
Os moradores dos Reassentamentos Urbano Coletivos (RCUs)
denunciaram que está faltando água no RUC Laranjeiras, Jatobá, São Joaquim.
Casa Nova e Água Azul.
Moradora do RUC Jatobá, Josiane Araújo, falou que “a norte
energia nos tirou do baixão prometendo que teríamos abastecimento de água
tratada e coleta de esgoto, mas até agora nada!”.
O morador do RUC São Joaquim, Fagner, relatou que metade do
bairro está sem água, e é a parte do bairro que mora as pessoas vindas do
baixão, enquanto que a parte do RUC que abriga os engenheiros da empresa tem
todos os serviços coletivos.
O engenheiro da Norte Energia, Marcelo, chegou a falar que
parte da culpa pela falta de água nos RUCs era da população, pois estão
consumindo quatro vezes que a média normal, ou seja, na conta da Norte Energia
cada morador dos RUCs está consumindo 800l de água por dia.
Além da Norte Energia, a prefeitura municipal de Altamira
foi bastante questionada, pois depois de um processo violento, o prefeito Domingos
Juvenil conseguiu aprovar a criação da Coordenadoria de Saneamento de Altamira
(COSALT), violento pois o Militante do Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB) chegou a ser conduzido coercitivamente pela Polícia Militar durante uma
das sessões que tentou se votar a criação da COSALT e a municipalização do
Município.
O militante do MAB, professor Fabiano, foi à tribuna e
questionou os vereadores da situação (que aprovaram a COSALT) “volto aqui para
avisar que aconteceu o que nós já prevíamos, durante o processo de votação da
COSALT já alertávamos que a prefeitura não deveria pegar uma responsabilidade
que era condicionante de Norte Energia, pois não daria conta, pois bem, a
prefeitura não deu ouvidos aos movimentos sociais, e agora tem moradores do auto
da Brasília que estão sem água a 70 dias”.
O morador do bairro Jardim Independente 1, Izan, denunciou
que o bairro não recebeu o serviço de saneamento que é condicionante da Norte
Energia e que as famílias do bairro estão vulneráveis aos mosquitos que transmitem
a Dengue e o Zica Vírus. O Izan fala que mesmo o bairro tendo mais de 20 anos
de existência a Norte Energia não inseriu o bairro no PBA de Belo Monte e que a
prefeitura não se preocupou em cobrar da concessionária esses serviços, agora
as mais de 400 famílias estão alagadas de forma permanente por causa do lago de
Belo Monte.
Para Iury Paulino, do MAB, o que a prefeitura deveria fazer
era criar uma autarquia municipal (empresa pública) para gerir os serviços de
saneamento bem como criar uma agência para a fiscalização dos serviços, “caso
continuar como está a prefeitura não dará conta de executar os serviços da
forma correta” e denuncia “a prefeitura de Altamira não conversa com os
movimentos populares, caso contrário saberia a melhor formar de gerenciar esse
sistema de saneamento básico, nós esperamos que a prefeitura não tente
justificar a ineficiência do serviço e tente privatizar os serviços de
saneamento, pois irá ter muita luta contra a privatização”.
Para João Batista, da Fundação Viver Produzir e Preservar
(FVPP), o serviço de saneamento básico deveria ser um legado importante de Belo
Monte, no entanto, a Norte Energia e Prefeitura não deram a devida importância para
a implementação desses serviços e agora os altamirenses estão sem água nas
residências e sem coleta de esgoto.
Ao final da Audiência foi encaminhado a criação de um grupo
de trabalhado para acompanhar a implementação dos serviços de saneamento. Os militantes
dos Movimentos Sociais falaram que continuarão acompanhando de perto esse
processo da implementação de saneamento nos bairros de altamira e que se não
houver resolução dos problemas irão lutar.