Está enganado quem acreditam que
a maior manifestação do ano foi as de março, abril ou agosto, algumas destas
que defenderam a democracia, outras o impeachment, outras contra o ajuste
fiscal ou golpe.
Nesse sábado e domingo ocorreu em
todo o Brasil o Exame Nacional do Ensino médio (ENEM), essa prova oferece a
oportunidade d@s brasileir@s entrarem nas Universidades ou de encerrarem o
ensino médio.
No domingo cerca de 7 milhões de
brasileiras e brasileiros saíram de casa, foram as ruas e em salas de aulas
puderam durante cinco horas se manifestar sobre "A persistência da violência contra a mulher na sociedade
brasileira", sendo que a violação dos Direitos Humanos, como a defesa
da violência contra a mulher, poderia anular a redação, segundo o edital do
ENEM.
No dia anterior
ess@s milhões de basileir@s já haviam discutido uma questão
sobre gênero onde no caderno de Ciência Humanas na questão
quarenta e dois foi posto a seguinte situação:
"Ninguém nasce mulher:
torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma
que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que
elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o
feminino." BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1980.
Isso foi o suficiente para o deputado Jair
Bolsonaro (PP-RJ) criticar o conteúdo da prova do ENEM e o tema da redação. O
deputado Bolsonaro que defende o retorno da Ditadura militar, a pena de morte,
a criação de mais presídios ao invés de mais escolas, e que já ameaçou de bater
em uma colega da câmara federal falou nas redes sociais nesse sábado (24) que: "mais ou tão grave quanto a corrupção é
a doutrinação imposta pelo PT junto a nossa juventude", e complementou
que "o sonho petista em querer nos
transformar em idiotas materializa-se em várias questões do ENEM (Exame
Nacional do Ensino MARXISTA)", ou seja, deixando explícito a
intolerância desse deputado contra as mulheres, essa postura não surpreende pois
Bolsonaro se encaixa na categoria que Beauvoir conceitua como “macho” pois ele
é homem, branco, rico e evangélico (fundamentalista, conservador, sectário,
reacionário).
Mais do que Bolsonaro, os seus eleitores tiveram
dificuldades em escrever a redação do ENEM, pois como não poderiam ferir os
Direitos Humanos, provavelmente foram os primeiros a zerar a redação do ENEM.
Para além das manifestações na construção da
dissertação do ENEM, as redes sociais foram bombardeadas com avaliações
positivas sobre a temática, inclusive pessoas que não são militantes ou ativistas
de coletivos avaliaram como positiva a discussão sobre temática da violência
contra a mulher, e que puderam denunciar a posição da mulher como “outra” na
sociedade que continua sendo patriarcal, machista, preconceituosa, homofobia, e
doutrinada pelo fundamentalismo religioso.
Com o ponta pé inicial do ENEM, agora o Ministério
da Educação deveria aumentar o conteúdo sobe o debate feminista dentro das grades
curriculares nas escolas, até porque atualmente no Brasil são graduadas mais mulheres que homens,
portanto, não é mais aceitável que as mulheres (educadoras) continuem tendo que reproduzir o
conteúdo hegemônico do machismo.
"Ninguém
nasce mulher: torna-se mulher”.