segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A violência contra as mulheres foi o tema da maior manifestação no Brasil

Está enganado quem acreditam que a maior manifestação do ano foi as de março, abril ou agosto, algumas destas que defenderam a democracia, outras o impeachment, outras contra o ajuste fiscal ou golpe. 

Nesse sábado e domingo ocorreu em todo o Brasil o Exame Nacional do Ensino médio (ENEM), essa prova oferece a oportunidade d@s brasileir@s entrarem nas Universidades ou de encerrarem o ensino médio. 
No domingo cerca de 7 milhões de brasileiras e brasileiros saíram de casa, foram as ruas e em salas de aulas puderam durante cinco horas se manifestar sobre "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira", sendo que a violação dos Direitos Humanos, como a defesa da violência contra a mulher, poderia anular a redação, segundo o edital do ENEM. 
No dia anterior ess@s milhões de basileir@s já haviam discutido uma questão sobre gênero onde no caderno de Ciência Humanas na questão quarenta e dois foi posto a seguinte situação: 
"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino." BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Isso foi o suficiente para o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) criticar o conteúdo da prova do ENEM e o tema da redação. O deputado Bolsonaro que defende o retorno da Ditadura militar, a pena de morte, a criação de mais presídios ao invés de mais escolas, e que já ameaçou de bater em uma colega da câmara federal falou nas redes sociais nesse sábado (24) que: "mais ou tão grave quanto a corrupção é a doutrinação imposta pelo PT junto a nossa juventude", e complementou que "o sonho petista em querer nos transformar em idiotas materializa-se em várias questões do ENEM (Exame Nacional do Ensino MARXISTA)", ou seja, deixando explícito a intolerância desse deputado contra as mulheres, essa postura não surpreende pois Bolsonaro se encaixa na categoria que Beauvoir conceitua como “macho” pois ele é homem, branco, rico e evangélico (fundamentalista, conservador, sectário, reacionário).
Mais do que Bolsonaro, os seus eleitores tiveram dificuldades em escrever a redação do ENEM, pois como não poderiam ferir os Direitos Humanos, provavelmente foram os primeiros a zerar a redação do ENEM.
Para além das manifestações na construção da dissertação do ENEM, as redes sociais foram bombardeadas com avaliações positivas sobre a temática, inclusive pessoas que não são militantes ou ativistas de coletivos avaliaram como positiva a discussão sobre temática da violência contra a mulher, e que puderam denunciar a posição da mulher como “outra” na sociedade que continua sendo patriarcal, machista, preconceituosa, homofobia, e doutrinada pelo fundamentalismo religioso.
Com o ponta pé inicial do ENEM, agora o Ministério da Educação deveria aumentar o conteúdo sobe o debate feminista dentro das grades curriculares nas escolas, até porque atualmente no Brasil são graduadas mais mulheres que homens, portanto, não é mais aceitável que as mulheres (educadoras) continuem tendo que reproduzir o conteúdo hegemônico do machismo.  
"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.