Moradores construindo uma passarela no bairro Invasão dos Padres (Foto: Jean Rodrigues). |
Na semana passada, terça-feira
para quarta-feira (01), foi o dia mais chuvoso desse inverno amazônico em
Altamira, as nuvens, além de muita água despertou mais preocupação nas famílias
que moram nos baixões da área urbana.
Foram 100mm de chuva, isso quer
dizer que choveu 100 litros d´água em cada m² do maior município do Brasil.
Outra coisa é que, com a expansão do espaço urbano de Altamira, as áreas,
outrora com paisagens naturais fora modificada de um jeito que foi substituído
a vegetação pelo asfalto e essa água ao invés de ser filtrada para ao lençol
freático está indo em direção aos baixões onde há ainda grande concentração de
pessoas morando.
Na conjuntura de Belo Monte a
apreensão se multiplica, pois em cenários anteriores as famílias que tinham
suas casas alagadas iam para um abrigo da defesa civil e depois retornavam para
suas moradias, agora a situação atual deixam as famílias muito mais em risco,
pois a partir dessa chuva de terça e quarta-feira a água começou a subir
bruscamente, e as famílias que ainda residem nos baixões estão temerosas de que
se forem sair para o abrigo não retornarão mais as suas casas.
Entendam o caso:
A Norte Energia (dona do Complexo
Hidrelétrico Belo Monte) em 2011 cadastrou 7790 imóveis em Altamira, segundo a
empresa todos eles estão até a cota 100m (a nível do mar), então com a operação
(enchimento do lago) da hidrelétrica de Belo Monte toda essa área será alagada,
dentro disso a empresa construiu 4100 casas (67m²) para as famílias que
optassem ser reassentadas, durante esse processo a empresa recuou na promessa
de oferecer 3 tipos de casas e de construir as casas de alvenaria. As famílias
que não aceitaram o reassentamento poderiam escolher entre indenização ou carta
de crédito.
Em dezembro o ano passado, depois
de muita pressão dos atingidos organizados dentro do Movimento dos Atingidos
por Barragens (MAB), a Norte Energia reabriu o cadastro das famílias e foram
computados mais 405 imóveis na região que irá alagar permanentemente por causa
do lago de Belo Monte, no entanto, o tratamento da dona da barragem mudou,
vários moradores relatam que aparecem pessoas da empresa tentado intimidá-los
falando que a área já pertence a Norte e que ela fará reintegração de posse a
qualquer momento.
Atraso:
Há boatos nas redes sociais que a
obra será paralisada por causa que a
Norte Energia fará uma auditoria fiscal nos contrato do Consórcio Construto
Belo Monte (CCBM), pois mais de 60% das empresas do Consócio estão sendo
acusadas na operação lava-a-jato da polícia federal que estão investigando
contratos da Petrobras. Até agora a Norte não confirmou, mas também não negou.
A paralização poderá indicar ainda mais conflitos sociais, pois se falam de
paralisação de 40 a 90 dias, e isso irá gerar uma grande massa de desempregados
em Altamira. A obra já está atrasa em pelo menos 10 meses, em virtude de
contratos a Norte Energia já terá que desembolsar dinheiro para compensar esse
atraso tendo que comprar energia térmica (é mais custoso que a hídrica).
Hoje, amanheceu chovendo e parece
que esse inverno é mais um elemento que auxiliará a Norte Energia a continuar a
fazer da vida dos moradores dos baixões um verdadeiro inferno, através da
imposição, pressão, desdém e desprezo, mas se bem que conheço esse povo
paraense essa não é uma Luta vencida, essa Luta deverá ser travada todos os
dias e a única forma de conseguir combater esse projeto do Grande Capital é
está organizado para a Luta consciente nas trincheiras do Xingu.