O ano de 2015 mal começou é já temos várias
surpresas (não sei até que ponto são surpresas) no picadeiro de Brasília.
Com a velha desculpa de manter a governança, a
presidenta Dilma, escolheu um time bola murcha para comandar alguns ministérios
e o povo brasileiro começou o jogo perdendo de goleada.
O segundo turno da eleição presidencial foi decidida
na prorrogação, e mesmo com mais dinheiro, com os oligopólios midiáticos, com a
Agronegócio, Bancada da Bala, Bancada Evangélica Fundamentalista e Mercado
financeiro ao seu favor o candidato Aécio Neves perdeu, mas não foi para a
Dilma, perdeu para as organizações sociais, para movimentos e Entidades
históricos de Luta como o MST, MAB, CUT, UJS, MTST, CTB, UNE, UBES, ANPG, o
projeto representado pelo PSDB fora derrotado pelo projeto que as organizações
sociais se identificam minimamente.
Nesse sentido, era esperado que Dilma, colocado
pelos trabalhadores, fosse debandar de vez para a esquerda, no entanto, a
convocação de sua seleção, em parte não agradou e nunca agradará aos
trabalhadores.
O Nome de Kátia Abreu para o Ministério de
Agricultura foi um tapa na cara do MST e outras organizações de agricultores
familiares, a nova ministra chegou a afirmar que no Brasil não existe mais
Latifúndios. Em Vitória do Xingu, por exemplo, recentemente um grupo de 120
famílias ocuparam uma área próximo ao Ramal dos Cocos, essa terra seria da União,
mas o suposto dono da fazenda colocou a polícia Militar (de forma ilícita) para
expulsarem as famílias da área, mesmo sem comprovar se era dono. Esse é um caso
dos milhares que tem no Brasil. A Kátia Abreu (PMDB) é declaradamente Ruralista
e não tem confiança nem do próprio partido, ela foi uma escolha pessoal da
presidenta, como a Dilma pôde colocar alguém que sempre esteve ao lado de
grupos que foram coniventes com mortes de trabalhadores rurais e assassinatos
de defensores dos Direitos Humanos, como ex-advogado Paulo Fonteles (militante
do PCdoB e morto a mando de latifundiário no Pará)? Como colocar na base do
governo o MST, movimento combativo pela Reforma Agrária e uma Ministra que
defende a Concentração de terras em poucas mãos?
Outra furada foi a escolha
do novo Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, antes de assumir a pasta ele estava
de Superintendente do Bradesco (banco privado que mais lucra no Brasil), ele é representante
dos abutres do capital financeiro dentro do governo, e isso já causou sérias
divergências, pois Levy(ano) já carimbou medidas antipopulares no setor
trabalhista, fazendo com que depois de muito tempo todas as Centrais Sindicais
se reunissem e articulando Lutas para esse período e driblarem o retrocesso
para os direitos trabalhistas e garantir que nenhum direito seja perdido.
Quando a CUT (Central Única dos Trabalhadores), historicamente petista,
encabeça uma Jornada de Lutas contra as medidas do governo Dilma, é sinal que
muita coisa está errada, não que eles não sejam combatentivos, mas no início de
um mandato é porque muita coisa está errada!
Outro nome criticado pelos
Movimentos Sociais é o então Ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), o
ex-prefeito de São Paulo é o novo queridinho da presidenta, ele era do partido
mais corrupto do Brasil, um tal de DEM(ônio) e em 2011 fundou o PSD com dissidentes
do DEM, agora ele já está em fase final da criação de um novo partido, o
Partido Liberal que contará com os parlamentares do PSD e dissidentes de vários
partidos, muitos da direita, e se isso for concretizado, Kassab se tornará a
referência do partido com o maior número de Deputados Federais, passando dos
atuais 37 para 72, ultrapassando o PMDB (66) e o PT (70), nesse sentido com a desculpa
de manter a governança, inclusive na disputa da nova presidência da Câmara dos
Deputados (o principal adversário é o Eduardo Cunha PMDB), a presidenta colocou
Kassab dentro do governo intensificando as divergências dentro da
"base", pois o MTST, movimento que Luta pela Reforma Urbana não engoliu
essa nomeação do então ex-prefeito por dos mandatos de São Paulo, o novo
articulador dentro do governo tem pontos totalmente diferentes do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto, e essa organização, principal protagonista nas Lutas de
2014, já declarou abertamente que a Luta vai intensificar, pois o Kassab é um
retrocesso para o avanço das reformas populares.
Há outras divergências entre
a base histórica do PT e o governo, como a nomeação do filho de Jader Barbalho
(Helder Barbalho PMDB-PA) como ministro da pesca e outro nome questionado é do
novo ministro dos esportes, George Hilton (PRB-MG), para essa pasta parece que
não foi utilizada nenhum critério ético, pois o deputado federal foi pego com
uma pasta cheia de dinheiro, suspeito de receber doação ilegal por uma igreja
evangélica.
O certo é que o Partido dos
Trabalhadores nunca se configurou como partido Revolucionário (Vanguarda), mas
tem em sua criação a miscigenação das demandas populares, é como a música do
Emicida "Vocês conhecem Marx e Nós Conhece a Fome", o partido durante
muito tempo lutou contra o Latifúndio, Contra a exploração dos Trabalhadores,
Contra a entrada do Capital Financeiro através do Neoliberalismo, Contra as
Oligarquias, mas parece que agora para tentar garantir a governabilidade está
fortalecendo todos esses setores. Nesse momento o próprio Lula e agora o José
Dirceu começam a criticar a governabilidade de Dilma. Estamos longe de uma crise dentro do partido, mas não há consenso também, uma coisa é certa,
os Movimentos Sociais e Populares ocuparão cada pedaço das ruas para não
perderem nenhum direito a mais e ainda por cima Lutarão pelas Reformas de Base,
principalmente a Reforma do Sistema Político, penúltima tentativa de tentar
desatrelar o grande capital ao governo brasileiro, a última tentativa é só
através da Revolução Socialista, e pelo andar da carruagem as organizações
sociais tem o papel fundamental de animar as massas para derrubar um eventual
governo de ultra direita para além dos próximos quatro anos.
Se Dilma não se posicionar a
favor da classe trabalhadora, no próximo período o PT perderá forças até de
pessoas que votam pelo pragmatismo. Nesse caso, ela está dando dois
passos atrás para dar um a frente.
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