Fonte: http://jornalggn.com.br/ |
Não
foi só os brasileiros que passaram por períodos sombrios de inflação na década
de 80, os argentinos também sofreram muito com o aumento do preço nos produtos
de primeira necessidade, o governo em 1991 do então presidente argentino Carlos
Menem com o ministro das finanças Domingo Cavallo, implementaram a “lei da
Convertibilidade”, ou seja, uma lei que igualava o valor do Peso com o valor do
Dólar Americano. Essa medida foi orientada pelos Estados Unidos, pois aquela
conjuntura a America do Sul estava tomada pelo Neoliberalismo orquestrado pelo EUA, através desse modelo
econômico houve quase que total abertura das portas ao capital das
transnacionais e a intervenção de vários países na argentina, o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e Banco Mundial “cantaram de galo”, a partir daí a
dívida externa tomou proporções nunca antes imaginada, pois com a igualdade no
valor das moedas, o mercado interno não conseguia competir com o mercado externo,
haja vista, os produtos americanos serem mais baratos e terem mais qualidade
que os produtos que os argentinos produziam, isso fez com que ano após ano o Déficit
primário e Nominal do país aumentasse de forma absurda, com isso para tentar
balancear a dívida externa vários setores fora privatizados (água, energia,
telecomunicações..)
Com
todo esse problema o FMI, em 2001, aprovou financiamento de U$40 Bilhões para
que o país pudesse conseguir pagar as suas dívidas (em 2000 o país chegou a
gastar 20% dos recursos públicos para pagar os juros da dívida) e de alguma
forma para atrair investimentos privados
ao país. Mas a realidade foi outra, pois o capital especulativo se mostrou um
verdadeiro fantasma ao povo argentino, haja vista, ter se tornado um verdadeiro
“corrimão” para as empresas.
O
FMI nunca foi benevolente, ele tinha interesses sérios na Argentina, inclusive
que impactaria toda a soberania desse país de 40 milhões de habitantes, o FMI
tinha suas exigências:
• Reforma da Previdência:
Eliminar a Universal Básico Benefício e aumento
da idade de aposentadoria para as
mulheres.
• A racionalização da administração pública, ou seja, reduzir o
Estado.
• A desregulamentação do
trabalho social.
• Redução da despesa pública: o objetivo era garantir o equilíbrio fiscal. Para eliminar o déficit, até aprovou uma lei chamada
Zero Deficit.
• Assinatura por todas as províncias do Compromisso Federal para
o Crescimento e Disciplina Fiscal:
congelamento da despesa primária pública da Administração Nacional e Provincial.
A fim de acompanhar de perto o cumprimento dessas condicionalidades,
o país periodicamente tinha que receber o FMI, e este tomava mais e mais controle
na concepção, implementação e revisão
da política econômica doméstica. Em
troca de gestão dos novos
empréstimos, o FMI não só levou os
poderes do executivo, mas também
condicionado ao Parlamento. Até então, muitas das reformas impostas pelo FMI têm sido implementadas
por decreto.
Estava
claro que o escudo financeiro proporcionado pelo FMI, não havia surtido o
efeito necessário, então a alternativa foi colocar novamente Domingo Cavallo
nas finanças e solucionar o problema com o Mega-Exchange. A Mega-câmbio procurou aliviar
os pagamentos de juros e do capital
da dívida externa da Argentina, a
troca de nova dívida que pagaria por um período mais longo. No entanto, esse comércio teria um custo exorbitante
e aumentaria ainda mais a dívida externa. A proposta, como
poderia ser de outra forma, veio de um
banqueiro: David Mulford, ex-secretário
do Tesouro dos Estados Unidos, que até
então trabalhava para o Credit
Suisse First Boston. A proposta
seria recebido de braços abertos pelo então ministro da Economia,
Domingo Cavallo, eo secretário de Política Econômica Federico Sturzenegger.
À primeira vista, a operação parecia
simples e benéfica para o país:
46 tipos diferentes de títulos soberanos por 5
tipos de títulos, com vencimentos
até 2031. No
entanto, a perícia do processo
judicial pela Mega-câmbio realizada pela engenharia financeira especialista Moises Resnick
Brenner argumenta que o país sofreu uma perda no valor de U$55 Bilhões. Sete bancos foram
envolvidos neste grande farsa,
e obteve U$ 150 milhões em comissões. Os bancos foram:
Banco Francés, Santander Central Hispano, Galicia,
Citigroup, HSBC, JP Morgan e Credit Suisse
First Boston. O ideólogo, David Mulford, cobrou
comissão de U$ 20 milhões.
Os
resultados do escudo do FMI e com a Mega-câmbio foram catastróficos para a dívida externa argentina. Antes de embarcar em tais operações até o final de 2000, a dívida externa
do país somaram U$80 Bilhões e em
2003 chegou a um valor gritante de U$102 Bilhões.
Além
disso, antes da Mega-câmbio foi
estimado que a Argentina teria
que pagar para o período de 2001-2031
pelos vencimentos de dívida, um valor de U$ 60,5
Bilhões. Após a Mega-Exchange,
este valor aumentou em 63% e chegando a U$98,4
Bilhões. Além disso, a dívida pública total cairia de U$124,4 Bilhões para U$126,6 Bilhões. Enquanto isso, os juros sobre a dívida subiria a já impagável
U$82,3 Bilhões para a U$120,7 Bilhões.
Enfim, sem dúvidas que no ano de 2001 quebrou a maior crise da história da Argentina, deixando claro que a lógica neoliberal-endividamento só trouxe miséria para
o povo, o desemprego, a
desindustrialização, estagnação e da exclusão social.
Disponível em: http://www.cfkargentina.com/blindaje-mega-canje-estafa-financiera-fondos-buitres/
#ÁmericaLatinaLivre
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