quarta-feira, 9 de julho de 2014

O Fantasma da Argentina: O FMI financiou a construção da segunda maior Dívida Externa da América do Sul.

Fonte: http://jornalggn.com.br/

Não foi só os brasileiros que passaram por períodos sombrios de inflação na década de 80, os argentinos também sofreram muito com o aumento do preço nos produtos de primeira necessidade, o governo em 1991 do então presidente argentino Carlos Menem com o ministro das finanças Domingo Cavallo, implementaram a “lei da Convertibilidade”, ou seja, uma lei que igualava o valor do Peso com o valor do Dólar Americano. Essa medida foi orientada pelos Estados Unidos, pois aquela conjuntura a America do Sul estava tomada pelo Neoliberalismo  orquestrado pelo EUA, através desse modelo econômico houve quase que total abertura das portas ao capital das transnacionais e a intervenção de vários países na argentina, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial “cantaram de galo”, a partir daí a dívida externa tomou proporções nunca antes imaginada, pois com a igualdade no valor das moedas, o mercado interno não conseguia competir com o mercado externo, haja vista, os produtos americanos serem mais baratos e terem mais qualidade que os produtos que os argentinos produziam, isso fez com que ano após ano o Déficit primário e Nominal do país aumentasse de forma absurda, com isso para tentar balancear a dívida externa vários setores fora privatizados (água, energia, telecomunicações..)
Com todo esse problema o FMI, em 2001, aprovou financiamento de U$40 Bilhões para que o país pudesse conseguir pagar as suas dívidas (em 2000 o país chegou a gastar 20% dos recursos públicos para pagar os juros da dívida) e de alguma forma para  atrair investimentos privados ao país. Mas a realidade foi outra, pois o capital especulativo se mostrou um verdadeiro fantasma ao povo argentino, haja vista, ter se tornado um verdadeiro “corrimão” para as empresas.
O FMI nunca foi benevolente, ele tinha interesses sérios na Argentina, inclusive que impactaria toda a soberania desse país de 40 milhões de habitantes, o FMI tinha suas exigências:
Reforma da Previdência: Eliminar a Universal Básico Benefício e aumento da idade de aposentadoria para as mulheres.
A racionalização da administração pública, ou seja, reduzir o Estado.
A desregulamentação do trabalho social.
Redução da despesa pública: o objetivo era garantir o equilíbrio fiscal. Para eliminar o déficit, até aprovou uma lei chamada Zero Deficit.
Assinatura por todas as províncias do Compromisso Federal para o Crescimento e Disciplina Fiscal: congelamento da despesa primária pública da Administração Nacional e Provincial.

A fim de acompanhar de perto o cumprimento dessas condicionalidades, o país periodicamente tinha que receber o FMI, e este tomava mais e mais controle na concepção, implementação e revisão da política econômica doméstica. Em troca de gestão dos novos empréstimos, o FMI não só levou os poderes do executivo, mas também condicionado ao Parlamento. Até então, muitas das reformas impostas pelo FMI têm sido implementadas por decreto.


Estava claro que o escudo financeiro proporcionado pelo FMI, não havia surtido o efeito necessário, então a alternativa foi colocar novamente Domingo Cavallo nas finanças e solucionar o problema com o Mega-Exchange. A Mega-câmbio procurou aliviar os pagamentos de juros e do capital da dívida externa da Argentina, a troca de nova dívida que pagaria por um período mais longo. No entanto, esse comércio teria um custo exorbitante e aumentaria ainda mais a dívida externa. A proposta, como poderia ser de outra forma, veio de um banqueiro: David Mulford, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, que até então trabalhava para o Credit Suisse First Boston. A proposta seria recebido de braços abertos pelo então ministro da Economia, Domingo Cavallo, eo secretário de Política Econômica Federico Sturzenegger
À primeira vista, a operação parecia simples e benéfica para o país: 46 tipos diferentes de títulos soberanos por 5 tipos de títulos, com vencimentos até 2031. No entanto, a perícia do processo judicial pela Mega-câmbio realizada pela engenharia financeira especialista Moises Resnick Brenner argumenta que o país sofreu uma perda no valor de U$55 Bilhões. Sete bancos foram envolvidos neste grande farsa, e obteve U$ 150 milhões em comissões. Os bancos foram: Banco Francés, Santander Central Hispano, Galicia, Citigroup, HSBC, JP Morgan e Credit Suisse First Boston. O ideólogo, David Mulford, cobrou comissão de U$ 20 milhões.

Os resultados do escudo do FMI e com a Mega-câmbio foram catastróficos para a dívida externa argentina.  Antes de embarcar em tais operações até o final de 2000, a dívida externa do país somaram U$80 Bilhões e em 2003 chegou a um valor gritante de U$102 Bilhões.
Além disso, antes da Mega-câmbio foi estimado que a Argentina teria que pagar para o período de 2001-2031 pelos vencimentos de dívida, um valor de U$ 60,5 Bilhões. Após a Mega-Exchange, este valor aumentou em 63% e chegando a U$98,4 Bilhões. Além disso, a dívida pública total cairia de U$124,4 Bilhões para U$126,6 Bilhões. Enquanto isso, os juros sobre a dívida subiria a impagável U$82,3 Bilhões para a U$120,7 Bilhões.

Enfim, sem dúvidas que no ano de 2001 quebrou a maior crise da  história da Argentina, deixando claro que a lógica neoliberal-endividamento só trouxe miséria para o  povo, o desemprego, a desindustrialização, estagnação e da exclusão social.

Disponível em: http://www.cfkargentina.com/blindaje-mega-canje-estafa-financiera-fondos-buitres/ 

#ÁmericaLatinaLivre

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