Na madrugada de
hoje um crime chocou a sociedade altamirense, o assassinato cruel de três
membros da família Buchinger Alves
(sendo uma mãe, pai e filho) está causando arrepios aos moradores do município
de Altamira no Pará.
Segundo informação
preliminar da Polícia Civil cerca de quatro ou cinco homens invadiram a casa,
localizada na rua Anchieta (bairro Sudam 1) e fizeram o casal e os três filhos
de reféns, os dois filhos mais novos foram colocados no banheiro. De acordo com a polícia, os três
assassinados tiveram os pulsos amarrados com braçadeiras plásticas, usadas
também para asfixiar dois dos reféns e a outra vítima foi asfixiada com um
cadarço de sapato. Depois de não escutarem algum barulho os dois filhos
conseguiram fugir do banheiro e chamaram a polícia.
Assim mais um enredo de tragédia acontece em
Altamira, ao todo foram cerca de 100 assassinatos em Altamira no ano de 2015,
vários destes sensibilizaram a população que se revoltaram em redes sociais,
nos locais de trabalho, em escolas, nas praças, no entanto, foi preciso acontecer
a chacina do dia 19 de novembro para parte da população de Altamira sair as
ruas exigir PAZ.
A manifestação do dia 26 de novembro, organizada
pela Frente de Movimentos Populares em Altamira e região, contou com cerca de
800 pessoas que caminharam pelas principais avenidas do município e que
entregaram uma carta com demandas para a Promotoria do Estado e a delegacia de
Polícia Civil. A resposta do delegado que recebeu a carta foi assustadora, pois
segundo ele a Violência no município só irá aumentar.
O aumento da violência não deve ser encarada como fenômeno
Ainda sobre a manifestação do dia 26 de Novembro
(MARCHA PELA PAZ), todos os veículos de comunicação foram mobilizados, alguns
vereadores compareceram, a prefeitura disponibilizou um recurso pequeno,
algumas escolas liberaram os estudantes (a exemplo do Polivalente que liberou
todas as turmas), os Movimentos populares e organizações sociais (como o MAB,
Levante Popular, FVPP, Casa de Educação e UJS) mobilizaram suas bases, no
entanto, a entidade que organiza os comerciantes tapou os olhos e não sinalizou
positivamente para participar da Marcha.
O aumento da violência não deve ser encarada como fenômeno,
pois ela é um produto da construção do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo
Monte, constituindo-se a maior herança da construção das duas barragens no rio
Xingu, diga-se de passagem uma herança maldita.
A organização dos empresários da região sempre
apoiou a construção de Belo Monte, mesmo sabendo das mazelas que iriam trazer
formaram o FORT Xingu, uma organização da “sociedade civil” para legitimar a
construção da barragem. Depois, pra variar a Norte Energia (dona da barragem)
deu um golpe neles também.
Em dois anos Belo Monte fez a população de Altamira
aumentar em 50% (passando de 100 mil para 150mil habitantes), no período de
2011 a 2015 foi quando o número de crimes em toda a região do Xingu, principalmente
Altamira, disparou de forma abrupta.
Como condicionante foi entregue a Secretaria de Segurança
Pública do Estado do Pará (SEGUP) cerca de R$100 milhões, onde o governo de
Simão Jatene usou a bel prazer, pois foi comprado um helicóptero que custou
cerca de R$40 milhões, isso mesmo, pasmem! ...quase a metade do recurso foi
para a compra de um helicóptero, que dificilmente será usado na região.
Mesmo sabendo que iriam aumentar na região o
tráfico de drogas, exploração sexual de menores, furtos, roubos, assassinatos e
latrocínios a Norte Energia e SEGUP não planejaram adequadamente uma estratégia
eficaz para controlar ou mitigar esse, que é o pior impacto negativo de Belo
Monte.
O legado de Morte de Belo Monte
Belo Monte gerou dezenas de milhares de empregos a
todos que queriam trabalhar, as grandes empresas lucraram feito loucos, uma
parte de organizações da sociedade civil conseguiram recursos para fortalecer
algumas comunidade com o PDRS Xingu. No entanto, com a relocação de mais de 40
mil pessoas das área do lago e com a chegada de mais de 50 mil pessoas ao município
de Altamira, houve grande disputa pelo mercado e território do tráfico de
drogas, com isso aumentou a quantidade e a qualidade de organizações
criminosas.
Portanto, com a quantidade e qualidade de
criminosos combinada com a ausência do governo do estado (PSDB) e com a Norte
Energia fingindo não ter culpa no cartório, Altamira se tornou um grande campo
de guerra, onde as vidas da classe trabalhadora e até de parte da burguesia
regional não têm mais valor.
Como Mudar o cenário
É obvio que nada devolverá a vida dos inocentes
mortos as suas famílias, assim como os filhos e vitimas dessa tragédia de hoje,
bem como a vida das vitimas da chacina de novembro ou a vida dos policiais que
tombaram para defender a vida de cidadãos comuns, mas o mundo segue girando e
Altamira não pode permanecer como está, é hora de toda sociedade civil dar as
mãos e marchar em fileiras para que os gritos de rebeldia cheguem até os
ouvidos de Belém e Brasília para que o governador (PSDB) e presidenta (PT) planejem
uma ação direta no município para prevenir e combater a violência.
Para que os gritos da marcha cheguem até Belém e
Brasília os Movimentos Populares e organizações da sociedade civil já marcaram
uma reunião para hoje a tarde, além disso também é preciso que o prefeito
Domingos Juvenil (PMDB) também se posicione fortemente a favor da vida e contra
a morte, levando o recado para os órgãos de governo e também é preciso que a
ACIAPA se posicione e construa junto com a Frente de Movimentos essa grande
marcha.
O aumento dos crimes hediondos após a construção de
Belo mostra que “não vale a pena termos
muito dinheiro se perdemos a vida”. Se separados não temos muita expressão, Juntos
somos fortes e Unidos somos invencíveis.
Só com muita Luta teremos uma cultura de Paz em
Altamira, e com muita resistência não teremos mais barragens que matam no
Xingu, Tapajós e outras regiões.