quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A Violência assusta moradores de Altamira-PA

Na madrugada de hoje um crime chocou a sociedade altamirense, o assassinato cruel de três membros da família Buchinger Alves (sendo uma mãe, pai e filho) está causando arrepios aos moradores do município de Altamira no Pará.

Segundo informação preliminar da Polícia Civil cerca de quatro ou cinco homens invadiram a casa, localizada na rua Anchieta (bairro Sudam 1) e fizeram o casal e os três filhos de reféns, os dois filhos mais novos foram colocados no banheiro. De acordo com a polícia, os três assassinados tiveram os pulsos amarrados com braçadeiras plásticas, usadas também para asfixiar dois dos reféns e a outra vítima foi asfixiada com um cadarço de sapato. Depois de não escutarem algum barulho os dois filhos conseguiram fugir do banheiro e chamaram a polícia. 
Assim mais um enredo de tragédia acontece em Altamira, ao todo foram cerca de 100 assassinatos em Altamira no ano de 2015, vários destes sensibilizaram a população que se revoltaram em redes sociais, nos locais de trabalho, em escolas, nas praças, no entanto, foi preciso acontecer a chacina do dia 19 de novembro para parte da população de Altamira sair as ruas exigir PAZ.
A manifestação do dia 26 de novembro, organizada pela Frente de Movimentos Populares em Altamira e região, contou com cerca de 800 pessoas que caminharam pelas principais avenidas do município e que entregaram uma carta com demandas para a Promotoria do Estado e a delegacia de Polícia Civil. A resposta do delegado que recebeu a carta foi assustadora, pois segundo ele a Violência no município só irá aumentar.

O aumento da violência não deve ser encarada como fenômeno

Ainda sobre a manifestação do dia 26 de Novembro (MARCHA PELA PAZ), todos os veículos de comunicação foram mobilizados, alguns vereadores compareceram, a prefeitura disponibilizou um recurso pequeno, algumas escolas liberaram os estudantes (a exemplo do Polivalente que liberou todas as turmas), os Movimentos populares e organizações sociais (como o MAB, Levante Popular, FVPP, Casa de Educação e UJS) mobilizaram suas bases, no entanto, a entidade que organiza os comerciantes tapou os olhos e não sinalizou positivamente para participar da Marcha.
O aumento da violência não deve ser encarada como fenômeno, pois ela é um produto da construção do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, constituindo-se a maior herança da construção das duas barragens no rio Xingu, diga-se de passagem uma herança maldita.
A organização dos empresários da região sempre apoiou a construção de Belo Monte, mesmo sabendo das mazelas que iriam trazer formaram o FORT Xingu, uma organização da “sociedade civil” para legitimar a construção da barragem. Depois, pra variar a Norte Energia (dona da barragem) deu um golpe neles também.
Em dois anos Belo Monte fez a população de Altamira aumentar em 50% (passando de 100 mil para 150mil habitantes), no período de 2011 a 2015 foi quando o número de crimes em toda a região do Xingu, principalmente Altamira, disparou de forma abrupta.
Como condicionante foi entregue a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará (SEGUP) cerca de R$100 milhões, onde o governo de Simão Jatene usou a bel prazer, pois foi comprado um helicóptero que custou cerca de R$40 milhões, isso mesmo, pasmem! ...quase a metade do recurso foi para a compra de um helicóptero, que dificilmente será usado na região.
Mesmo sabendo que iriam aumentar na região o tráfico de drogas, exploração sexual de menores, furtos, roubos, assassinatos e latrocínios a Norte Energia e SEGUP não planejaram adequadamente uma estratégia eficaz para controlar ou mitigar esse, que é o pior impacto negativo de Belo Monte.

O legado de Morte de Belo Monte

Belo Monte gerou dezenas de milhares de empregos a todos que queriam trabalhar, as grandes empresas lucraram feito loucos, uma parte de organizações da sociedade civil conseguiram recursos para fortalecer algumas comunidade com o PDRS Xingu. No entanto, com a relocação de mais de 40 mil pessoas das área do lago e com a chegada de mais de 50 mil pessoas ao município de Altamira, houve grande disputa pelo mercado e território do tráfico de drogas, com isso aumentou a quantidade e a qualidade de organizações criminosas.
Portanto, com a quantidade e qualidade de criminosos combinada com a ausência do governo do estado (PSDB) e com a Norte Energia fingindo não ter culpa no cartório, Altamira se tornou um grande campo de guerra, onde as vidas da classe trabalhadora e até de parte da burguesia regional não têm mais valor.

Como Mudar o cenário

É obvio que nada devolverá a vida dos inocentes mortos as suas famílias, assim como os filhos e vitimas dessa tragédia de hoje, bem como a vida das vitimas da chacina de novembro ou a vida dos policiais que tombaram para defender a vida de cidadãos comuns, mas o mundo segue girando e Altamira não pode permanecer como está, é hora de toda sociedade civil dar as mãos e marchar em fileiras para que os gritos de rebeldia cheguem até os ouvidos de Belém e Brasília para que o governador (PSDB) e presidenta (PT) planejem uma ação direta no município para prevenir e combater a violência.
Para que os gritos da marcha cheguem até Belém e Brasília os Movimentos Populares e organizações da sociedade civil já marcaram uma reunião para hoje a tarde, além disso também é preciso que o prefeito Domingos Juvenil (PMDB) também se posicione fortemente a favor da vida e contra a morte, levando o recado para os órgãos de governo e também é preciso que a ACIAPA se posicione e construa junto com a Frente de Movimentos essa grande marcha.
O aumento dos crimes hediondos após a construção de Belo  mostra que “não vale a pena termos muito dinheiro se perdemos a vida”. Se separados não temos muita expressão, Juntos somos fortes e Unidos somos invencíveis.
Só com muita Luta teremos uma cultura de Paz em Altamira, e com muita resistência não teremos mais barragens que matam no Xingu, Tapajós e outras regiões.