domingo, 16 de fevereiro de 2014

Dom Erwin conta Dorothy



Na última quarta feira (12) o Bispo do Xingu, Dom Erwin, realizou a celebração que lembrou 9 anos do assassinato de irmã Dorothy em Anapú-PA.


Homenagem do Fundo Dema a Irmã Dorothy

Abaixo está na íntegra a mensagem do bispo:


Dorothy chegou em Altamira em 1982 e foi a casa do Bispo do Xingu, Dom Erwin (bem mais jovem), ela chegou com voz mansa, apesar de as atitudes dela ser firme, ela disse que queria trabalhar no Xingu, pois queria está entre os mais pobres, nesse momento o Bispo olhou para a cara dela e disse que a Irmã não aguentaria, porque a pobreza aqui, naquele tempo, era miséria, daí ela respondeu:
- Mas deixa eu experimentar? Me deixe experimentar?
O bispo falou:
- Então vá para a Transaleste!
Naquele tempo ainda não tinha o município de Anapú
- Então vá para a Transaleste, pois ali você vai sentir na pele o que é pobreza (malária, fome, sem transporte, sem eira nem beira era tanta gente ali)!

E ela foi e NÃO VOLTOU, NÃO VOLTOU!

Ela ficou até o dia em que tiraram-lhe a vida. 

A gente não deve olhar a Dorothy apenas a partir dos tiros que ela levou, mas pela vida que ela dedicou a esse povo, disse o bispo.
Ora dar a vida pelos amigos, é dedicar a vida pelos amigos consagrando a vida inteira pelo povo, tornando-se irmã e irmão daquele povo sem pestanejar, marcar presença no meio do povo, marcar esse amor que ultrapassa todos os limites, pois é solidário com a pobreza, miséria e sofrimento desse povo.

Chegou dia 12 de fevereiro de 2005, ela foi morta, foi morta porque amou, amou muito, foi morta naquele lugar que ela tanto amou. Depois que o corpo foi liberado da autópsia ele foi velado em Anapú, e quando o corpo chegou ao Aeroporto de Altamira “Nós o conduzimos até a igreja Imaculada Conceição no bairro de Brasília, nunca que eu esqueço o semblante do Povo que estava participando daquela missa, é impossível tirar isso do pensamento e do coração de quem participaram a dor do povo não podia acreditar no que tinha acontecido, mas a prova cabal estava ali na frente deles, Dorothy morreu por amor” falou Dom Erwin. 

“Irmão e irmã têm martírios de morte matada e tem martírios de morte morrida, tem martírios que vivem a vida inteira Lutando a favor de suas irmãs e irmãos Lutando, Lutando mesmo, essa nobre luta, pela justiça, pelo direito, pela dignidade, nós não podemos diante do sangue derramado, eu lembro aqui também ao lado de Dorothy, o nosso Dema, eu o Conheci e ele pai de família também caiu pelas mesmas razões aos pés de sua querida mulher Maria da Penha, olhando para ela falou ‘cuide de nossos filhos’ e assim como ele hoje são centenas de pessoas que derramaram o sangue, para nos dar força e coragem de não abrirmos mão de nosso direitos e para nós defendermos custe o que custar, a dignidade do Povo, a dignidade das pessoas humanas, das crianças, das mulheres, dos homens, dos idosos, dos colonos, dos povos indígenas, e todos que tombaram do Chuí ao Oiapoque não foi um, foram milhares de pessoas e nossa vida deve se tornar a partir da experiência do martírio uma vida cada vez mais consagrada, todos lembrarão o sangue derramado de Dorothy, Dema, Brasília, Irmão Humberto e todas e todos que morreram pelo povo.

Um comentário:

  1. Obrigada por publicar, quem transcreveu deve assinar!!!! parabéns e força na luta por justiça ambiental na Amazônia!!!!

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