A mineradora transnacional Belo Sun, pertencente a um banco canadense, tenta iniciar a exploração de 108 toneladas de ouro na Volta Grande do Xingu ainda em 2017.
A mineradora canadense está utilizando da tática de cooptação para direcionar o posicionamento das famílias moradoras da região onde pretende instalar o maior projeto de ouro a céu aberto do Brasil.
Quem denuncia isso é a diretoria da cooperativa mista de garimpeiros (COOMGRIF), que tenta conseguir junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) uma área para garimpar.
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Fala do presidente da Associação de Moradores da Vila da Ressaca, seu Francisco. |
A principal liderança da cooperativa e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) o senhor José Pereira Cunha (conhecido como Pirulito) revela que se sente ameaçado pela forma como a empresa manipula a mente das famílias da vila da Ressaca e Ilha da Fazenda.
"A mineradora canadense fala para as famílias que a licença de instalação está travada na justiça por causa da resistência das ONGs, movimentos populares e do Pirulito" diz o Pirulito.
Na última quinta-feira (23) foi realizada uma audiência pública na vila da Ressaca, e contou com a participação de dezenas de atingidos, para a surpresa de muita gente cerca de 150 pessoas foram recepcionar os convidados da audiência com muita agressividade.
Coordenada pelo prefeito do município de Senador José Porfírio, Dirceu Biancardi (PSDB), a recepção era para os convidados não saírem sequer das voadeiras, dentre os convidados estavam a imprensa, ONGs, Prelazia do Xingu, Pesquisadores, Defensorias Públicas do Estado (DPE) e União (DPU).
A audiência foi muito tumultuada por parte das pessoas que se dizem a favor, já os que são contra o projeto respeitaram as intervenções do outro grupo.
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Fala do Cacique Giliard Juruna, da aldeia Muratu (Terra Indígena Paquiçamba). |
A fala do Prefeito, Presidente da Câmara Municipal, algumas lideranças foram praticamente iguais. Todos fizeram falas contra as ONGs, havia até uma faixa escrita "Fora ISA, Xingu Vivo, MAB e Pastorais".
Para o MAB as falas e grito de ordem foram muito bem ensaiadas e orientadas pela Belo Sun, pois a empresa não está conseguindo a liberação do inicio das obras por questões técnicas e jurídicas, portanto, tenta manipular a população como última cartada para conseguir pressionar a liberação da licença de instalação.
O Movimento também enxerga que a mineradora e o prefeito passaram a ser agitadores, ao contrário do dever que ambos tem, a primeira de empreendedora e o segundo de gestor e executor de políticas públicas.
Essa audiência mostrou o nível de acirramento da luta na região, e que a Belo Sun medirá forças com as organizações da classe trabalhadora podendo utilizar de diversas armas para a criminalização de lideranças que moram na região há décadas.
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